domingo, 29 de janeiro de 2012

Bebendo vinho na Índia


Olá,
Este não era meu próximo post planejado. Mas não resisti à oportunidade. Ontem tive a experiência de beber minha primeira garrafa de vinho na Índia. E surpreenda-se, era indiano!

Não que aqui não seja possível encontrar vinhos internacionais de qualidade. Têm vinhos italianos, franceses, sul africanos, argentinos, chilenos só que com o preço completamente desproporcional a qualidade. Aqui se paga até mais que o dobro dos preços já exorbitantes do Brasil. Se paga algo em torno de R$50,00 por uma garrafa de um singelo Gato Negro ou Trapiche varietal.

Mas vamos falar da estrela deste post que é o vinho indiano. Esse tem um preço muito mais em conta algo em torno de R$25,00. No entanto, ainda é um preço bem caro para os padrões indianos, equivale ao preço que eu pago para uns três jantares. Mas tudo bem, já tinha um mês que eu não bebia um vinho e seria no mínimo uma experiência interessante. Além disso, eu comprei uma garrafa de Sula que é considerado um dos melhores da Índia, apesar de no momento da compra eu não sabia ao certo se isso significa muita coisa.
 
A taça foi uma ótima cortesia da compra e contribuiu muito para a degustação do vinho

Aos detalhes, O Sula tem um rótulo bem simpático (para não dizer engraçado) com um sol com o um típico bigode indiano,  indicação de safra e de blend de Cabernet – Shiraz e tampa tipo rosca.
O detalhe mais interessante, no entanto, está no rótulo de trás e pode até passar despercebido aos mais distraídos, trata-se da indicação onipresente na Índia de produto vegetariano (!), será que existe algum vinho que não seja vegetariano?!

Desculpe desapontar os enófilos, mas não vou fazer uma descrição completa de todas as características do vinho. Mas posso dizer que surpreendeu minhas expectativas. Tinha um aroma não muito presente, tons bem fortes na cor e um sabor pouco persistente. Mas é até melhor que alguns vinhos que eu já bebi. Não seria um vinho que eu beberia no Brasil, mas valeu a experiência. 

Gostaria de finalizar dizendo que é possível encontrar de tudo aqui em Delhi, tem muita gente que fica falando no Brasil que não tem papel higiênico por aqui, que não tem várias coisas. Não posso dizer pela Índia toda, mas aqui em Delhi se acha de tudo para comprar. Encontra por aqui vinho, cervejas internacionais, chocolate suíço, massa italiana importada, carne. Além disso, têm Shopping Center, restaurantes internacionais, academias de ginástica, boliche e tudo o mais que você pode imaginar. 

Um dos muito Shopping Centers em MG Road

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Rotina na Índia I


A vida aqui em Delhi não é muito simples. Em alguns aspectos é muito semelhante as outras pessoas que vivem em qualquer outra cidade grande do mundo em que se reside distante do trabalho. No meu caso são 35 Km em cada sentido. Só para tornar um pouco mais palpável, para quem conhece o Rio, a distância é um pouco mais longe que distância entre Botafogo ao Recreio dos Bandeirantes. Ou seja, é muito Longe! No meu caso moro em South Delhi, isso mesmo um tipo de “Zona Sul” (Hehehehe) e trabalho em outra cidade Gurgaon um tipo de “Barra da Tijuca/Recreio”. Minha sorte é que o sistema de transporte aqui é muito melhor que do Rio, sistema de metrô com maior extensão, linhas e estações e RickShaw disponíveis aos montes.
Rickshaws esperando clientes na saída da estação de Huda  

Para quem não conhece os Rickshaw, também chamado de auto ou Tuk Tuk, eu explico. Este é uma espécie de taxi de três rodas. Um híbrido entre moto e carro, que é onipresente nas ruas de Delhi (ou de toda Índia) e felizmente oferece uma tarifa bem acessível. A princípio deveria ser pago através do taxímetro (R$0.25/Km), mas eu duvido que alguém aqui saiba dessa regra, na prática muitos Tuk Tuk nem mesmo apresentam este dispositivo para calcular o preço. O segredo então é sempre negociar o preço antes. No meu caso que faço o mesmo trajeto todos os dias fixei um preço e negocio com os motoristas até encontrar alguém que esteja disposto a me levar por aquele preço. Se você for pelo preço dos motoristas sempre vai pagar mais caro. Um detalhe importante para a negociação é que a maioria dos motoristas não fala mais que um inglês básico.
Já até desenvolvi algumas técnicas para negociar. Tento falar com os últimos da fila isso sempre me rende preços melhores. O que costuma funcionar também é quando você está negociando com um e finge que vai procurar outro, aquele que você estava negociando acaba aceitando por ter medo de perder o cliente. Para conseguir o preço é só ter paciência.
Quanto ao metrô, é bem tranquilo, muito menos cheio que os brasileiros e nada de gente no teto, como algumas pessoas me questionaram no brasil. A tarifa é proporcional à distância com o preço máximo em torno de R$0,90. Uma coisa sobre o metrô que eu não consegui entender até agora é a respeito das supostas horas de pico. Nos horários antes e depois do trabalho quando elas deveriam existir, o metrô está vazio, e numa sexta 22:00 da noite quando precisei usa-lo, mal consegui entrar no vagão. Não da para entender.
Metro de delhi - As linhas que eu utilizou são a Amarela e a Violeta ( foto do site urbanrail)

O transporte entre minha casa e o trabalho em cada sentido demora em torno de 1:30 e custa em torno de R$5,00 divido da seguinte forma:
Casa – Estação de metro (rickshaw): R$1,90
Metro: R$0,80
Estação de metro – trabalho (rickshaw): R$2,30 

Quadro de avisos de restrição no metrô - O metro é bilíngue (Hindi - Inglês)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Primeira Viagem - Amritsar e Paquistão


Caros,
Fim de semana passado foi minha primeira viagem. E foi fantástica! Em um único fim de semana experimentei viajar de ônibus, de trem e conhecer o templo mais impressionante que eu já vi na minha vida. E acreditem, fui ainda até a fronteira da Índia com o Paquistão.
Começando pelo princípio. Para o que nunca ouviram falar, Amritsar é uma cidade ao norte de Delhi, mais ou menos 450 km de distância. Essa cidade está apenas 30 km da fronteira com o Paquistão e abriga o templo mais sagrado do povo Sikh, religião monoteísta relativamente recente que surgiu no século XV. Um Sikh pode ser facilmente reconhecido por manter sempre a barba longa (no caso dos homens) e a cabeça coberta por um turbante, uma vez que os Sikhs nunca cortam o cabelo. Os homens sempre carregam como seu segundo nome “Singh” (Leão) e as mulheres “Kaur”  (princesa).

Golden temple - de dia

 O Golden Temple Sikh é imponente e é cercado por uma piscina de águas límpidas e de grandes dimensões. Para entrar no complexo, somente de cabeça coberta e pés descalços (inclusive sem meias), o que pode ser bem complicado quando se tem que andar em piso de mármore e a temperatura está próxima do zero grau. No entanto, ao ver os Sikh se banhando na água gelada, você logo percebe que esse negócio de reclamar de pé descalço é pura frescura. Um ponto interessante é que para todos os peregrinos (de qualquer religião) são oferecidas comida e acomodação gratuita no complexo do templo.
Visitar o Golden temple de dia é incrível, mas de noite pode ser ainda mais emocionante. O templo fica aberto quase 24 horas por dia (fecha segundo meu livro apenas entre 01:00 as 03:00), e sempre é mantida a leitura do livro sagrado, 24 horas por dia. Durante a noite (22:00) o templo estava incrivelmente reluzente devido a iluminação e em seu interior  era mantidos rituais, que dificilmente poderia explicar, mas que para mim foram inesquecíveis.


Golden Temple de noite


Outro ponto alto de Amristar é a Wagah Border Cerimony. Cerimônia diária de fechamento da única passagem terrestre da fronteira da Índia e o do Paquistão, esses dois países que já foram um só, apresentam rivalidade extrema. E todos os dias milhares de pessoas se amontoam em arquibancadas dos dois lados para assistir a cerimônia, demonstrar seu nacionalismo, gritar o nome de seus países e se divertir. No lado indiano os estrangeiros têm até direito até uma área Vip reservada com uma visão privilegiada. Essa cerimônia um tanto quanto teatral e exagerada deve ser única no mundo e seu significado não é de fácil entendimento e compreensão. 

Wagah Border - Uma das arquibancadas do lado indiano

Já me estendi bastante neste post. Uma próxima vez falo sobre os meios de transporte. Viajar de trem na Índia pode ser muito diferente da concepção que a maioria das pessoas tem aí no Brasil.
Até a próxima!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Bayern Munich na Índia?!


Pode acreditar. Até menos de 24 horas antes do jogo eu nem sabia da existência desse amistoso contra a seleção da Índia. Nunca imaginei que iria assistir a um jogo de futebol na Índia, muito menos a um jogo do Bayern Munich por algo em torno de R$ 5,00! Só na Índia.
Ok, o jogo não foi um dos melhores, mas foi divertido. Jogo no estonteante e moderno Jawaharlal Nehru Stadium, mais comumente usado para jogos de cricket, mas nas horas vagas porque não um jogo de futebol? Parecia que era jogo contra o time junior, a seleção indiana não tem muito porte físico e nem tem muita técnica, mas cada vez que encostava na bola arrancava gritos da torcida. Jogo fácil, 4 X0 no primeiro tempo e jogo morno no segundo.  O estádio deve ter capacidade para uns 60-70 mil pessoas, mas não estava totalmente cheio, digamos uns 60%, o futebol ainda não é uma paixão nacional. No final das contas, foi divertido!
Falando em esportes aqui o pessoal realmente gosta é de cricket, em todas as lojas de esporte internacionais (Nike, Adidas, etc) as propagandas são dos jogadores de cricket. Nos parques o que os meninos jogam é cricket. Na televisão o que passa é jogo de Cricket. Cricket, Cricket e Cricket!
Um outro esporte muito praticado aqui é badminton, aquele mesmo da peteca e da raquete. Já vi algumas pessoas jogando também. Mas o futebol também tem seu espacinho, apesar de ainda não terem muito habilidade, vide jogo contra o Bayern. Uma das muitas coisas interessantes que eu vi aqui na Índia está relacionada ao futebol. Foi aquela típica pelada improvisada de domingo só que no gramado em frente ao prédio dos ministérios do governo aqui em Delhi. Incrível!
Prometo que das próximas vezes tento escrever sobre a vida em delhi e sobre minha rotina. Só arrumei esse tempinho agora porque estou esperando minha roupa lavar na lavanderia.

Abraços 

Alvida!
Jawaharlal Nehru Stadium- Foto wikipedia

4 x 0 para o Bayern

Peladinha de fim de semana

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Crazy India


Ok, Já se passou quase uma semana desde que eu cheguei. Tenho tido muita vontade de escrever, mas tem faltado tempo. Tem sido difícil colocar as ideias no lugar. A Índia é um país único, que proporciona emoções fortes. A Índia também não é um país fácil. A alimentação é diferente de tudo o que se pode imaginar, as pessoas tem um comportamento diferente, língua diferente, religião diferente. Tem que aprender tudo muito rápido, tem que se adaptar muito rápido.
Na última semana, conheci pessoas incríveis, das mais diversas nacionalidades, Rússia, França, Ucrânia, Bélgica, Alemanha, Lituânia, Tunísia, Egito, Turquia, Taiwan, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Polônia, Estados Unidos, Colômbia, México, entre outras. É um dos benefícios de estar em um ambiente internacional, conhecer culturas e pessoas que você nunca sonharia.  Entre todas essas pessoas existe um consenso a Índia é a Índia. Algumas pessoas a amam, outros a odeiam, mas o mais comum é ter as duas emoções oscilando. As vezes odiando muito e as vezes amando muito. Ninguém fica indiferente a Índia.
Antes desse intercâmbio já tinha passado por outro na Inglaterra por dois meses. Foi uma grande experiência também, aprendi muito, mas por mais intensa que minha experiência na Inglaterra tenha sido não se compara ao que eu já passei nessa última semana. Sem exagero, a dimensão da experiência da Índia faz minha experiência na Inglaterra parecer tão relevante como uma viagem de férias para Cabo Frio.
Tenho certeza que muita coisa ainda vai acontecer e vou mudar muito de opinião, mas essa é a Índia.

Minha residência indiana - prédio em destaque segundo andar
Vista do parque em frente de casa - Neblina constante, paz incomum
Templo Hare Krishna a algumas quadras de casa